história

O contexto de criação do Fórum

O Fórum de Juventude da RMBH nasce em 2004, num contexto de desenvolvimentos dos Fóruns sociais mundiais; realização do Fórum Social Brasileiro (sediado em BH), além de forte ascensão da institucionalização de políticas públicas no Brasil. Essa articulação surge como um projeto de extensão, por iniciativa do OJ (Observatório de Juventude da UFMG), instigado pelos participantes do curso de formação de agentes culturais, a Rede D.vErCidaDe Cultural,  e segue em parceria com a AIC (Agência de Iniciativas Cidadãs [1]), onde foi nomeado inicialmente como Fórum de Entidades e Movimentos Juvenis da grande BH.

Inicialmente a sua concepção esteva muito atrelada ao debate da política institucional e sua principal incidência estava associada à participação nas conferências e pressão do poder público para implementação de ações voltadas para as juventudes de Belo Horizonte. Devido aos diversos embates e desafios, o Fórum passou por uma certa crise.  Naquele momento estava muito forte a ideia de mobilização dos jovens para participarem das conferências de juventude. Buscava-se construir cartas de compromisso dos candidatos ao processo eleitoral com a juventude, além de formar comissões de mobilização para tratar desses assuntos nas instituições próximas ao fórum.

Entre 2008 e 2011, as ações “esfriaram”, especialmente pelo não avanço no difícil diálogo com o poder público.  Dessa experiência, ampliou a concepção de atuação sociopolítica e de incidência política, de modo abraçando também uma dimensão mais prática e formativa. Com essa virada de chave, especialmente a partir de 2012, com a estruturação das “jornadas de maio pelo fim da violência contra os jovens” e implementação da “agenda de enfrentamento às juventudes”, passou a ter mais adesão e continuidade na conexão com os grupos, com destaque para a criação de recursos educativos e formações que praticaram novos contornos e formas de engajamento.

Naquele momento participavam dessa articulação: Observatório da Juventude; Circuito Marista Jovem; Ames-BH; Salesiano; Cellos-bh; Dvercidade Cultural; AIC; ENTREFACE; Movimento correnteza; FICA VIVO; Fundação AVSI; Circo de todo mundo, Fundação Fé e Alegria do Brasil; e a partir da articulação de 2011 vieram somar outros grupos, como as Brigadas Populares; o coletivo Conexão Periférica; a ONG Oficina de Imagens; o movimento Real da Rua; o grupo ATO; a Associação Teatro do Oprimido; O instituto Tucum; Democracia Ativa; NUC; além de pessoas que não estavam vinculadas a nenhum grupo, mas com desejo de atuar nessa pauta.

Foram a partir dessas reestruturações e tensões geradas pelas representações dos grupos, que o fórum passou a assumir sua identidade enquanto uma articulação da região metropolitana, especialmente pela invisibilidade e pela condição à margem da Capital de BH. Além disso, passou a ser chamado de Fórum das Juventudes da Grande BH.

Com isso, novos integrantes e instituições também se aproximaram, trazendo conhecimento e tecnologias sociais para essa rede.  Neste sentido, é importante enfatizar que o processo de adesão, participação e grau de interesse sempre foram pontos de atenção e aprimoramento dessa articulação. Hoje o Fórum se destaca pela sua capilaridade na RMBH, além de vivacidade que impacta positivamente diferentes instituições e trajetórias de atores sociais.


[1] Antes chamada de Associação de Imagem comunitária

Centro de Referência da Juventude

Entre 2009 e meados de 2011 a atuação da rede foi reduzida, mas retomou o fôlego em setembro desse mesmo ano, a partir de discussões envolvendo a construção do Centro de Referência da Juventude (CRJ), então anunciado como o principal equipamento público do município voltado a esse segmento. Desde o anúncio do projeto, o Fórum protagonizou importantes episódios de embate com o poder público municipal, questionando a ausência de uma participação social efetiva no processo e de um projeto conceitual que orientasse a construção do Centro. Além de sua própria reestruturação, nos últimos meses daquele ano o Fórum se dedicou ao exercício do controle social em relação ao CRJ, incluindo a articulação de uma audiência pública sobre o tema na Câmara de Vereadores, a participação em comissão paritária para a discussão do Centro e a divulgação de uma carta aberta à cidade, denunciando graves irregularidades ocorridas durante esse processo.

Enfrentamento à violência contra as juventudes

No início de 2012 e após sucessivas análises de contexto em nível local e nacional, o coletivo elegeu o enfrentamento à violência contra as juventudes como sua principal agenda de lutas, entendendo o conceito de violência como quaisquer negações e/ou violações de direitos. Em abril desse mesmo ano, o Fórum propôs uma discussão ampliada sobre o assunto durante o 3º A Juventude OKupa a Cidade: Qual é seu Grito?, produzido em parceria com o Observatório da Juventude da UFMG. Esse cenário de discussões culminou, em novembro, no lançamento da Agenda de Enfrentamento à Violência contra as Juventudes, documento que visibiliza e denuncia diferentes formas de violência cometidas contra jovens em Belo Horizonte e reivindica políticas públicas para a superação do problema.

Campanha Juventudes contra Violência

Com o propósito de ampliar a visibilidade em torno do tema, sensibilizar agentes e gestores/as públicos/as para a promoção de políticas de enfrentamento ao problema e mobilizar jovens e organizações da sociedade civil para que atuassem em favor da sua superação, o Fórum das Juventudes da Grande BH lançou, em maio de 2013, a campanha Juventudes contra Violência, concebida de forma colaborativa entre diferentes grupos juvenis da Região Metropolitana. A iniciativa envolveu um extenso calendário de atividades ao longo de 2013, organizadas em duas frentes principais: a jornada Maio pelo Fim da Violência contra as Juventudes e o circuito formativo Juventudes contra Violência. Já em fevereiro de 2014, o Fórum realizou o seminário Juventudes contra Violência e, durante o evento, lançou o kit educativo “oKupa: juventude, cidadania e ocupação da cidade”.

Plataforma política Juventudes contra Violência

Em agosto de 2014, o Fórum lançou a plataforma política Juventudes contra Violência, que estabelece 10 pautas prioritárias para que sociedade civil e governos possam se comprometer com o enfrentamento às violações de direitos sofridas pela população jovem. A iniciativa, ainda em curso, envolve ações descentralizadas de comunicação, incidência política e mobilização. Além disso, entre os meses de agosto e dezembro, foram realizadas 36 atividades formativas descentralizadas ligadas à plataforma.

A Juventude Okupa a Cidade

O evento A Juventude oKupa a Cidade foi idealizado pelo Observatório da Juventude da UFMG e é uma das ações prioritárias do Fórum. Desde sua primeira edição, há quatro anos, o encontro vem cumprindo um papel importante no campo da cultura e da participação política em Belo Horizonte e Região Metropolitana, ao acolher a discussão de temas ligados aos direitos da juventude – como o direito à cidade, à memória, à identidade, à expressão e à diversidade – e oferecer visibilidade a intervenções artístico-culturais e políticas de grupos juvenis, especialmente das periferias da cidade.

Em 2011, foram realizadas as duas primeiras edições do evento: a primeira em abril, no Centro Cultural UFMG; e a segunda em junho, no Conservatório UFMG, sob o tema: “Que segurança queremos?”. Com o tema “Qual é seu grito”, a terceira edição foi realizada em abril de 2012 e a quarta, em maio de 2013, quando o Fórum lançou sua campanha Juventudes contra Violência. A quinta edição do oKupa se pautou pelo tema “Fazendo política além dos limites” e contou com diferentes intervenções artístico-culturais de grupos juvenis da Grande BH, além de um debate sobre o Estatuto da Juventude. Com o tema “Onde a quebrada se junta!”, a sexta edição aconteceu em maio de 2015, na Praça da Savassi, no Palmital, em Santa Luzia, e contou com a participação de mais de 25 grupos e artistas de Belo Horizonte, Nova Lima, Contagem, Ibirité, Sarzedo e Santa Luzia, anfitriã do evento.